La Niña: o que é, consequências e relação com El Niño

No vasto e complexo panorama climático da Terra, fenômenos como El Niño e La Niña assumem um papel crucial, influenciando padrões meteorológicos em escala global. Enquanto muitos estão familiarizados com o El Niño devido à sua notoriedade, sua contraparte, La Niña, desempenha um papel igualmente significativo, embora muitas vezes menos compreendido. Por isso, vamos entender o que é o fenômeno, suas causas e consequências para a sociedade,

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O que é La Niña?

Esse fenômeno é um dos componentes essenciais do ciclo natural conhecido como El Niño-Oscilação Sul (ENOS). Este fenômeno complexo ocorre devido a mudanças significativas nas condições oceânicas e atmosféricas, especialmente no Oceano Pacífico Tropical. Uma característica proeminente da La Niña é o resfriamento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico Central e Oriental, afetando áreas que incluem a costa do Equador e do Peru. Esse resfriamento é observado até uma profundidade de cerca de 100 metros.

A La Niña, assim como sua contraparte, El Niño, é parte de um ciclo natural maior. Enquanto El Niño se refere a um período de aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico, La Niña representa um período de resfriamento. Esses eventos podem ocorrer em intervalos que variam de 2 a 7 anos, e sua duração pode se estender por meses ou até anos.

Anomalia da temperatura dos oceanos em novembro de 2007, sob influência de um La Niña (Imagem: NASA/Reprodução)

Quais as consequências de La Niña?

O impacto do La Niña é significativo e pode ser sentido em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil. A alteração nas temperaturas das águas do Oceano Pacífico Tropical desencadeia mudanças nos padrões de vento atmosférico, afetando o clima em regiões distantes. No Brasil, as consequências desse fenômeno se manifestam principalmente por meio de variações nos regimes de chuvas e temperaturas.

Efeitos nas Regiões Brasileiras

Durante um evento de La Niña, algumas regiões do Brasil podem experimentar chuvas acima ou abaixo da média histórica. Por exemplo, durante a primavera, é comum observar chuvas abaixo da média na Região Sul do país, enquanto áreas como o estado do Amapá e partes de Minas Gerais e Bahia podem receber precipitações acima da média. Essas variações nas chuvas podem afetar diretamente a agricultura, influenciando a produtividade das safras.

Além disso, as mudanças nos padrões de temperatura também são características do La Niña. Durante o verão, partes das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste podem registrar temperaturas abaixo da média, enquanto áreas do leste da Região Nordeste podem enfrentar temperaturas acima do normal.

Impacto na Agricultura e Recursos Hídricos

A agricultura é uma das áreas mais impactadas pelo fenômeno La Niña. As variações nos padrões de chuva e temperatura podem afetar diretamente a produção agrícola, influenciando o plantio, o desenvolvimento das culturas e a colheita. Em regiões onde as chuvas são escassas devido ao La Niña, os agricultores podem enfrentar dificuldades devido à falta de água para irrigação.

Além disso, os recursos hídricos também são afetados pelo La Niña. A distribuição irregular das chuvas pode levar à diminuição dos níveis de água em rios e reservatórios, impactando o abastecimento de água potável e a geração de energia hidrelétrica.

(Imagem: Tim Mossholde/Pexels)

Desastres naturais e saúde pública

O La Niña também pode aumentar o risco de desastres naturais, como enchentes e deslizamentos de terra. As chuvas intensas associadas ao fenômeno podem levar ao transbordamento de rios e inundações em áreas urbanas e rurais, causando danos materiais e colocando vidas em perigo.

Além dos impactos diretos no meio ambiente e na infraestrutura, o La Niña também pode afetar a saúde pública. A ocorrência de chuvas intensas e temperaturas extremas pode aumentar o risco de doenças transmitidas pela água e doenças relacionadas ao calor, exigindo medidas de precaução e intervenções por parte das autoridades de saúde.

Qual a relação de La Niña com El Niño?

O La Niña e o El Niño são fenômenos intimamente relacionados, representando diferentes fases do ciclo ENOS. Enquanto o El Niño é caracterizado pelo aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico, o La Niña é marcado pelo resfriamento dessas mesmas águas. Essas variações nas temperaturas oceânicas têm efeitos significativos nos padrões climáticos globais.

É importante destacar que esse fenômenos não são eventos isolados, mas sim partes de um ciclo contínuo. Após a ocorrência de um evento El Niño, é comum que o sistema climático passe por uma transição para um período de La Niña, e vice-versa. Essas transições podem ocorrer em diferentes intervalos de tempo, e a intensidade e duração de cada evento podem variar.

Esse fenômeno exerce um papel crucial na dinâmica climática global, influenciando os padrões de chuva, temperatura e vento em diversas regiões do mundo, incluindo o Brasil. Suas consequências podem ser amplamente variadas e impactar diversos setores, desde a agricultura até a saúde pública.

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